Ser Moderno implicou a descoberta da imensa fragilidade do “parar”
É certo que em alguns momentos de felicidade, de êxtase, paramos repentinamente - sobre uma paisagem, um olhar, uma planície - e que essa paragem nos continua a alimentar, como qualquer coisa que interrompe, que resiste, uma rocha de felicidade no mar magno. Experiência intensa quando sucede, e nos acha impreparados, aparecendo subitamente. É possível fazer o mesmo conscientemente quando se funda algo de essencial. Subitamente uma visão torna-se clara, um sonho apodera-se da alma, e real e irreal confundem-se. É preciso subir para ver melhor, mas já se tinha subido inadvertidamente. Uma decisão de começar, o milagre do início e do começar, de que falava Hannah Arendt, que exige materializar-se, que impõe uma forma à vida e à matéria. Uma fundação teve lugar. Foi assim na Aveleda há 150 anos. Algo interrompe o movimento, em seu redor tudo reflui e recircula.
A única forma de ser fiel à ideia que secretamente dirigiu a fundação é o cuidar rigoroso, é continuar o trabalho, é saber mudar para não ser destruído pelo movimento das coisas. Sermos fiéis à casa e ao nome implica uma minuciosa ocupação, cada uma fazendo a sua parte. E, às vezes, implica parar para festejar em memória.